É possível uma relação entre Capital e Trabalho que não se baseie em um processo de dominação?

Por: Marcel Pereira Bernardo

É costume relacionar automaticamente o Capital e a dominação/ exploração do trabalho. Algo totalmente falso. Para respondermos a essa pergunta satisfatoriamente, precisamos verificar a maneira como o trabalho se manifestava antes da era capitalista.

Umas das formas mais comuns de utilização do trabalho era por via da escravidão.

A Grécia Antiga tinha escravos, assim como Império Persa, Romano entre tantos outros na Antiguidade. O tempo passou, mas a escravidão se mostrou persistente em diversas civilizações ao longo da História, encontrando seu ápice no período das grandes colonizações que todos conhecemos. Não adianta romantizar, a verdade é que o trabalho foi, historicamente, condicionado a tais condições.

Somente após o desenvolvimento de novos métodos e técnicas produtivas que o cenário começou a mudar lentamente. Apareceram as primeiras máquinas, veio a tal Revolução Industrial, elevando consideravelmente o grau de produtividade. Ora, essa produção precisa ser escoada e, para tal, é preciso um mercado consumidor forte. Para ter capacidade de consumo é preciso haver renda e, para ter renda, é preciso de mão-de-obra assalariada.

Do contrário, simplesmente não haveria lucro. Foi nesse intuito de auferir lucro que o regime escravagista foi abandonado. Certamente essa é a maior conquista trabalhista em toda História da Humanidade! Conquista essa permitida pelo Capital e tão ignorada por muitos.

Portanto, podemos afirmar sem sombra de dúvidas que, sob uma perspectiva histórica, o capitalismo, por tornar obsoleto o uso da mão-de-obra escrava, diminuiu imensamente o nível de exploração do trabalho. Indo mais além: quanto mais elevado o nível de capital, maior a possibilidade do trabalho ser melhor remunerado e mais digno.

Alguns podem alegar que existe ainda hoje uso da mão-de-obra escrava, o que é verdade. Todavia, existe um abismo entre um sistema baseado na escravidão abertamente legalizada e um sistema onde isso é proibido e combatido sistematicamente.

Os críticos também dizem que no início da era capitalista as condições nas fábricas eram desumanas. Os mesmos se esquecem de nos dizer como era a vida antes do surgimento das fábricas, onde não havia produção em larga escala de alimentos, roupas, moradias e etc. Basta ver como a expectativa de vida aumentou, mortalidade infantil diminuiu, analfabetismo diminuiu, mobilidade social aumentou e tudo isso com usufruto cada vez maior do trabalhador e que só foi conquistado no capitalismo.

Ainda na linha do aumento do nível de capital e melhores condições de trabalho, podemos dizer que no início da era capitalista se trabalhava 16h. Hoje se trabalha 8 horas e, tudo indica que nas próximas décadas, a jornada se reduza ainda mais.

Não é combatendo o capitalismo que melhoraremos as condições de trabalho, mas aperfeiçoando-o. E a única forma de fazer isso é com a liberação da capacidade inventiva das pessoas, utilizando todo o potencial humano e estimulando-o através de um sistema concorrencial estabelecido livremente pelo mercado. Conclusão: Quer condições mais dignas de trabalho? Aumente o nível de capitalismo.

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